'O médico disse que era frescura'
A técnica de enfermagem Elisângela Medeiros, morreu após procurar atendimento no hospital em
que trabalhava amigos e familiares afirmam que ela foi vítima de descaso e
omissão de socorro. De acordo com os funcionários, Elisângela foi tratada com
desdém pelo médico responsável. Ela era técnica em enfermagem do Hospital
Estadual Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, Elizangela tinha de 35 anos
Eu não quero morrer. Para morrer, eu prefiro morrer em
casa". O desabafo, feito na rede social do WhatsApp, é da técnica que
morreu três dias depois da gravação, na última segunda-feira. Segundo
funcionários e amigos com quem ela trabalhava na unidade hospitalar, Elizangela
gravou o áudio minutos após deixar o hospital, onde foi atendida sexta-feira
passada, e mandada para casa, apesar das dores no peito e da falta de ar.
Ela morreu na segunda-feira, na Unidade de Pronto
Atendimento (UPA) de Edson Passos, em Mesquita, onde chegou com os mesmo
sintomas.
Com um tom de voz aparentando muito cansaço, Elizangela
contou na gravação o drama que viveu no hospital. No áudio, com quase dois
minutos, ela reclama do atendimento. "Quando eu cheguei pela manhã, o
doutor Sebastião me fez (aplicou) um Diazepam e disse que eu estava com uma
crise nervosa e eu estava dispnéica, cansada, pálida, sem conseguir falar...
Foi como se eu não tivesse nada, fosse frescura... E pra ficar internada para
esses médicos fazerem pouco caso, me tratar como um lixo... eu trato os
pacientes como prioridade", disse ela.
Revoltados, os funcionários fizeram, na manhã desta quarta-feira, um protesto
em frente ao hospital. Segundo eles, ela foi atendida pelo clínico de plantão
na sexta-feira, identificado apenas como Sebastião. "Ela estava passando
muito mal, mas o médico disse que ela estava tendo um piti, que ela não tinha
nada, a mandou para casa e ela morreu sentada numa cadeira da UPA esperando atendimento.
Isso é um absurdo. Queremos uma resposta, caso contrário vamos parar de
trabalhar", disse um funcionário, que não quis se identificar temendo
represálias. "Trabalhei com ela por anos, era uma grande amiga,
profissional dedicada", contou ele.
A assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde
informou que Elizangela recebeu atendimento. Segundo a nota da assessoria,
exames constataram pressão arterial levemente alta e taquicardia discreta. De
acordo com assessoria, ela ficou em observação até às 15h30 quando apresentou
quadro estável e recebeu alta médica.
Porém, a direção do Hospital Estadual Adão Pereira Nunes
(HEAPN) está apurando se houve algum desvio de conduta por partes dos
profissionais que a atenderam. Ainda de acordo com a assessoria, caso as
denúncias sejam comprovadas, serão aplicadas as punições cabíveis. Sobre o
atendimento na UPA, a assessoria informou que Elizangela já chegou à unidade em
parada cardíaca e que foram feitas manobras de ressuscitação, mas que ela não
resistiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário